Puerto Madryn - Comodoro Rivadavia
Este foi um dia de fortes emoções, e o relato desse dia
vai ser longo...
Como de costume, saímos do hotel por volta das 9:00hs
depois daquele desayuno fraquinho.
De tanque e galões cheios do líquido precioso, voltamos
para a Ruta 3, sempre para o sul. O destino do dia seria Caleta Olivia.
Passamos direto pela pequena Trelew sem abastecer pois tínhamos rodado apenas
uns 70 kms. Eu pretendia fazer um desvio no caminho para visitar a pinguineira
localizada em Punta Tombo (eu disse PUNTA!).
Entramos à esquerda quando vimos a placa indicando a piguineira e rodamos 75 kms por uma estradinha deliciosa onde não tinha absolutamente nada. Achei que haveria ali um vilarejo ou pelo menos uma estacion de serviços (é assim que os argentinos chamam os postos de gasolina). Demos de cara com uma porteira de fazenda com placas indicando que dali até a tal pinguineira seria mais 20kms de rípio.
Lucas logo precisaria abastecer, como sempre. Ficamos um
tempo parados ali pensando: vamos ou não vamos? Seriam 40 kms de ripo entre ida e
volta, mais 75kms para voltar para a ruta 3 e mais sabe-se lá quanto até o
próximo posto de abastecimento. Nisso vem da estrada de rípio um caminhão num
pau só e levantando um poeirão danado. Fizemos sinal e ele parou ao lado do
Lucas. Era um casal de alemães de meia idade que estavam fazendo turismo por
toda a America do Sul num caminhão 4X4 super alto com uns pneus enormes e a
carroceria era um motor-home (os encontraríamos de novo, acreditem!). Deve ser muito legal viajar por aqueles lugares
num troço desses.
Lucas pediu informações ao alemão, em inglês – é claro – e o cara foi muito solícito e atencioso. Disse que o rípio realmente era muito ruim, e procurou o posto mais próximo no GPS dele. Foi aí que eu descobri como se fazia isso. Que burro que eu sou! Chegamos à conclusão de que mesmo colocando o galão de 10 litros na XT ele não conseguiria ir até a pinguineira. Na verdade, mesmo seguindo direto ao posto ele teria de fazer a gasolina render para conseguir chegar. Eu mesmo teria de usar meus 5 litros na Strom e ainda rezar. Resolvemos ali que ele voltaria até a ruta 3 e eu tentaria visitar os pinguins. Nos encontraríamos novamente no próximo posto.
Lucas pediu informações ao alemão, em inglês – é claro – e o cara foi muito solícito e atencioso. Disse que o rípio realmente era muito ruim, e procurou o posto mais próximo no GPS dele. Foi aí que eu descobri como se fazia isso. Que burro que eu sou! Chegamos à conclusão de que mesmo colocando o galão de 10 litros na XT ele não conseguiria ir até a pinguineira. Na verdade, mesmo seguindo direto ao posto ele teria de fazer a gasolina render para conseguir chegar. Eu mesmo teria de usar meus 5 litros na Strom e ainda rezar. Resolvemos ali que ele voltaria até a ruta 3 e eu tentaria visitar os pinguins. Nos encontraríamos novamente no próximo posto.
Entrei rípio adentro bem devagar, e depois de uns 2 kms me convenci de que isso não daria certo. O rípio estava realmente muito solto, com pedras grandes misturadas, e se eu caísse ali, o que não estava nem um pouco difícil, talvez não conseguiria levantar a moto sozinho. O Lucas tinha de estar junto, mas a autonomia da XT não permitiu. Dei meia volta e lá se foi meu passeio. Fiquei puto.
Voltei devagar pela estradinha, pensando em como esta viagem tão desejada estava se desenvolvendo, e não fiquei muito contente. Acho que não planejei tão bem quanto deveria, foi o que me veio na cabeça naquela hora. Mal sabia eu que ainda neste dia eu teria a constatação de que minha preparação feita às pressas para esta viagem me cobraria um preço alto.
Um vento forte que soprava da direita para a esquerda e
cheio de rajadas traiçoeiras que tentavam passar uma rasteira nas rodas da
moto. Quem me visse balançando a moto daquele jeito acharia que eu estava
completamente bêbado. A moto ia de um lado ao outro da pista e o esforço em
mantê-la na pista correta, sem invadir a contra mão, era enorme. Mas aos poucos
eu fui acostumando e balançava menos. Assim foi até chegar à estacion de serviços. Lucas também tinha
acabado de chegar. Cheguei no cheiro. Dos 22 litros de capacidade do tanque,
entraram 21,5! Mas ainda tinha o galão de reserva.
Depois de abastecermos encostamos as motos em frente à lojinha para comprar um Gatorade.
Depois de abastecermos encostamos as motos em frente à lojinha para comprar um Gatorade.
Na saída tinha um argentino chegando numa Falcon, o Pablo.
Era um cara muito simpático, puxou conversa com a gente, mas eu ainda estava
puto com o lance da pinguineira e não quis muita conversa. Quanta grosseria a
minha. Depois fiquei até com vergonha.
O Lucas conversou com ele e disse que iríamos até Caleta
Olivia. Então ele nos disse: no, ustedes
tienen de ir a Comodoro Rivadávia!!! Está tiendo um encuentro de motos de los
Choikes!!!
Fiquei meio sem entender nada, pois não tinha prestado
muita atenção à conversa, mas o Lucas veio me explicar: naquele fim de semana
haveria um Moto Encontro do Choikes MC na cidade de Comodoro Rivadávia e o
Pablo estava nos convidando para participar. Como eu não estava num momento
muito bom para fazer amigos, disse que seguiríamos com o planejado e o destino
do dia seria Caleta Olívia.
Lucas percebeu que eu não estava legal e concordou comigo.
Nos despedimos do Pablo e voltamos para a estrada.
O
vento.
Agora o vento tinha despirocado de vez! Quanto mais a
gente descia para o sul, piorava. Já tinha lido em vários relatos de quem foi a
Ushuaia pela Ruta 3 que o vento castigava, mas não estava preparado para
aquilo. Era um vento constante, que não dava trégua, e a cada 2 ou 3 segundos
batia uma rajada que parecia ter o dobro da força e fazia com que a moto, que
já estava andando inclinada a uns 20 graus, deitasse até quase raspar a
pedaleira no chão! Era como se estivesse fazendo uma curva muito fechada em
alta velocidade, só que tentando manter em linha reta. Muito doido. O esforço
no pescoço (por causa do vento empurrando o capacete contra o rosto) e nos
ombros e braços para tentar segurar no
braço a moto na pista certa, era punk!
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Passamos por uma região que tinha várias turbinas eólicas
ao lado da estrada e pensei comigo: se este treco é movido a vento, está no
lugar certo. Vá ventar assim lá na @#$%&...
Mas ainda iria piorar!
Em dado momento parei no acostamento para descansar um
pouco os braços (faço isso a cada 1 hora para descansar a bunda também - faz
parte do meu ritmo de viagem) e o Lucas veio falar comigo sobre o vento.
Parados no acostamento, tínhamos de ficar em pé ao lado da
moto para que ela não caísse, de tanto que balançava.
Numa dessas paradas vi que havia algo escorrendo pelas
bengalas da Strom. Olhei mais de perto e era exatamente o que eu estava
torcendo para não ser: óleo das bengalas, vazando absurdamente, dos dois
retentores!
Não era um vazamentinho. Estava tudo babado de óleo. A
impressão que deu era que todo o óleo tinha sido jogado pra fora. Não faço
ideia de quando tinha começado aquele vazamento, mas certamente um retentor
estourou e o esforço que eu estava fazendo com a moto andando inclinada numa
espécie de contra-esterço para mantê-a em linha reta deve ter forçado as
bengalas, e logo o outro retentor estourou também. Isso talvez até explicava um
pouco por que eu estava tendo tanta dificuldade em segurar a danada no braço.
Pensei comigo: agora fudeu!
O jeito era tentar chegar do jeito que desse à primeira cidade para ver o que faria da vida. E não é que a próxima cidade era Comodoro Rivadávia? Lá estaria havendo o encontro de motos!!!
Seguimos a uns 80 km/h até chegar em Comodoro Rivadávia. Deus sabe como consegui chegar lá, pois ele ficou o tempo todo grudado em mim naquela garupa, me tranquilizando e protegendo. Só assim mesmo.
Chegamos e já fomos procurar hotel. Ou estava lotado, ou
era muito caro, ou era péssimo. Resolvemos ir até o tal encontro dos Choikes
MC, pois lá eu deveria encontrar motociclistas que conhecessem as lojas de
repuestos para motos grandes, mecânicos, e talvez até ajuda para encontrar
algum hotel, bom e barato.
Rodamos um pouco até encontrar o lugar, que era meio
afastado do centro da cidade, e quando entramos no lugar, que parecia ser um
parque municipal, todos ficaram nos olhando e quando viam que as motos tinham
placas do Brasil, ficavam impressionados e chamavam a atenção dos outros para a
nossa chegada.
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Pensei comigo: acho que vamos apanhar aqui! (brincadeira, pois já tive a oportunidade de vivenciar o respeito e a amizade que os argentinos tem pelos brasileiros, especialmente os motociclistas).
Assim que paramos as motos, lado a lado, bem no meio do
agito do encontro, o Pablo, aquele cara da Falcon que veio falar com a gente no
posto da ruta 3, veio nos receber e fez a maior festa.
Já começou a avisar pra todo mundo que éramos do Brasil, estávamos a caminho do Ushuaia, e que ele tinha nos convidado ao encontro. Virou uma festa, e em 5 minutos já estávamos até falando no microfone para todos os presentes, ao melhor estilo Porgunholês! Agora o encontro do Choikes MC era um evento internacional!!! Fomos cumprimentados e até abraçados pelos presentes. Quando dissemos então que tínhamos saído da Bahia para vir fazer moto-turismo no país deles, em especial o Ushuaia, quase fomos ovacionados.
Já começou a avisar pra todo mundo que éramos do Brasil, estávamos a caminho do Ushuaia, e que ele tinha nos convidado ao encontro. Virou uma festa, e em 5 minutos já estávamos até falando no microfone para todos os presentes, ao melhor estilo Porgunholês! Agora o encontro do Choikes MC era um evento internacional!!! Fomos cumprimentados e até abraçados pelos presentes. Quando dissemos então que tínhamos saído da Bahia para vir fazer moto-turismo no país deles, em especial o Ushuaia, quase fomos ovacionados.
Depois de dar uma olhada nas “canelas” da V-Strom, o Daniel tinha uma notícia boa e uma ruim para me dar.
A boa é que eu não teria grande dificuldade para encontrar
os tais retentores, desde que as lojas de repuestos estivessem abertas, o que
me leva à notícia ruim.
A ruim é que aquele dia era um sábado, e já era tarde.
Umas 21:00 talvez, e as lojas e mecânicas estavam todas fechadas. Domingo elas
não abririam. Segunda elas também não abririam, visto que seria feriado (Dia da Virgem, Padroeira da Argentina, o mesmo de Nossa Sra. Aparecida no Brasil) e eu só conseguiria consertar a moto na
terça feira.
Assim sendo, cheguei à brilhante conclusão de que só
poderia seguir viagem na quarta-feira.
Fiquei em estado catatônico durante alguns minutos. Este
atraso de 3 dias na programação, além do dia que eu já estava atrasado por
causa da troca da corrente em Campaña, fariam com que toda a programação da
viagem fosse para o espaço, pra não falar outra coisa.
Ainda ficamos lá no encontro durante mais uma hora e meia
talvez. Foi o tempo que levei para conseguir tomar todo aquele Fernet com
coca-cola, que não acabava nunca.
Estávamos extremamente cansados da viagem e da batalha
árdua contra o vento. Ao menos o Fernet me fez não sentir mais dores no
pescoço. Nem nos braços. Na verdade, não sentia mais nada, estava tudo
anestesiado.
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Seguimos algumas dicas que nos deram sobre hotéis e
encontramos o Hotel Encina. O preço e o quarto eram medianos, mas a recepção e
o restaurante eram legais. Resolvemos ficar lá mesmo. Estávamos cansados demais
para tentar procurar outra coisa, e já era muito tarde.
Cada um pegou um quarto, mas tivemos uma rápida conversa
antes de ir dormir.
Mudança
de planos.
A espera de 3 dias para consertar a moto (talvez mais)
faria com que eu tivesse de abortar a ida até Ushuaia, pelo motivo de que havia
uma data certa para eu chegar à El Calafate encontrar com Andréa, que estava
vindo de avião. Definitivamente, eu tinha de traçar um plano B.
Conversei com Lucas e de comum acordo resolvemos que ele
tentaria seguir viagem solo, rumo à Ushuaia.
Não fazia sentido ele ficar lá parado sem fazer nada, só
me esperando. Na verdade, antes de começar a viagem, eu já tinha combinado com
ele que se algum de nós resolvesse mudar os planos durante a viagem, desde que
não fosse devido a alguma emergência por motivo de doença ou acidente grave
(que necessitasse da ajuda e apoio do parceiro) o outro seguiria conforme o
planejamento da viagem.
E como o que é combinado não sai caro, decidimos nos separar
a partir dali.
O vídeo você poderá assistir na próxima postagem....... aguardem!!!!
Hotel Encima – Médio – Valor da diária: $430 pesos
Gasto Combustível: $433 pesosO vídeo você poderá assistir na próxima postagem....... aguardem!!!!
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